O REINO KYTUNDO NO CONTEXTO DOS POVOS DE ANGOLA

6.000,00 Kz

Os povos que povoaram o território que se chama Angola, são
genericamente denominados «Bantus»; esses povos vieram da região do
Benue, “hoje fronteira entre a República dos Camarões e a República da
Nigéria, Leste, Sul do continente, Região da Bacia do Congo, do Planalto
Luba e dos Grandes Lagos” (Ulika, 2004, p. 15).
Terá havido, afirmam alguns autores, historiadores, nos séculos
III a V, grandes alterações do meio ambiente nesta região: tempestades,
clima e epidemias, que obrigaram a emigração destes povos para o sul do
continente a procura de melhores terras, etc. Estas migrações existem desde,
aproximadamente (quando?) até aos meados do século XIX. Alguns afirmam
que parte destes povos nasceram mesmo nas terras que habitam hoje, fruto
da acção da Luz Divina (Ulika, 2004, p. 15).
A história continua a ser contada de diferentes maneiras, ganhando
cada dia que passa maior curiosidade para que cada um de nós descubra
a verdade que se esconde na memória dos mais velhos, que a morte e as
guerras ceifaram em manhãs sem data…
Os antepassados foram se fixando à medida que foram encontrando
boas terras e melhores condições climáticas. Em cada parcela de terra
encontrada ficaram alguns grupos e o resto rumara mais para o sul. Mas as
terras encontradas já tinham os seus habitantes (…). Trata-se dos naturais
que ninguém sabe de onde tinha vindo. Tinham a cor da pele mais clara que
os povos recém-chegados e só viviam de caça. Hoje, dizem os estudiosos que
estes povos teriam vindo do oriente. Mas ficou tudo por esclarecer, depois
que desapareceram os reis de “Pungo-a-Ndongo”, de “Mbanza Congo”, do
“Bailundo” e de outros Reinos que guardaram silenciosamente as memórias
dos antepassados. Os hóspedes e os autóctones formaram grandes grupos.
Ocuparam espaços territoriais muito vastos e criaram instituições políticas
respeitáveis.Desenvolveram técnicas de construção de casas e de templos erguidos de pedra. Fabricaram instrumentos de caça; de guerra; de pesca;
de lavoura e desenvolveram as ciências medicinais: a botânica, assim como
outras plantas para fazerem face às doenças… Mas tudo isso ignorou-se e
acabou com chegada dos europeus, que eram portadores de armamento
militar mais sofisticado (Ulika, 2004, pp. 4,16).
Estes venceram os nossos antepassados em combates bastante
sangrentos. Ocuparam-lhes as terras e transformaram-nos em escravos
e hóspedes. Mesmo assim, os autóctones tentaram durante largos anos a
combaterem contra o invasor, utilizando várias armas de luta, ao seu alcance.
Mas as distâncias que os separavam eram grandes e os europeus utilizaram
a táctica de se aliar a uns para combaterem outros. Este período histórico
levou anos. Mas os velhos nunca se sentiam totalmente vencidos.
Os velhos diziam também que num passado muito recuado, “podiam
viajar do Nzeto até às terras de Mandume, sem encontrar uma única linha
que fizesse fronteira entre os Bakongos com os Kimbundos ou entre estes
e os Umbundos” (Ulika, 2004, p. 16). As diferenças vieram mais tarde com
a chegada dos colonos, ocidentais, os quais instalaram o seu poder político
em Angola. Os hóspedes, recém-chegados atribuíram aos nativos donos da
terra, a caricatura de «bárbaros», incapaz de criar formas de civilização e de
cultura.
O Ondjango funcionou como uma verdadeira escola, onde eram
transmitidos conhecimentos do passado à toda a comunidade. Portanto, não
se pode afirmar que os nossos antepassados não tinham escolas. As matérias
que ensinavam variavam. Iam desde a filosofia da vida (Usos e Costumes), às
Ciências da Natureza domínio das técnicas de pesca, caça, cultivo de terras,
construção de abrigos e o manejo de armas de combate (arte militar).
Em termos de organização social, havia os que desempenhavam
o papel de Reis, de Ministros, de Juízes e de Padres, isto é, havia toda a
hierarquia equivalente a sociedade actual.
Em eras remotas Angola, não existia como País. As comunidades que
habitavam o espaço territorial de Angola, falavam línguas diferentes, vivendo
isoladamente uns dos outros;

Os povos viviam em tribos. Uma tribo é um conjunto de pessoas, que
falavam a mesma língua, vivendo num espaço próprio, da mesma maneira,
tendo a mesma organização. Entre as tribos, umas faziam guerras, contra
as outras a fim de se apoderarem das florestas para a caça ou cobiçando os
terrenos dos outros para a agricultura, ou ainda fazer refém os outros, uma
vez derrotados nas frentes de combate, para serem escravos (Ulika, 2004, p.
13). Os povos angolanos viviam em comunidade ou clãs, isto é, em
comunidades ou comunitarismo primitivo. As terras pertenciam a todos; não
haviam lavras individuais. Todos trabalhavam ou na agricultura ou na caça,
ou na pesca; os frutos que resultassem do seu trabalho, eram igualmente
repartidos em benefício de todos (Altuna, 1980, p. 3).